quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

ODE A BEZERROS


Dormita o ferro escuro
oculto pelas grutas
selvagens, de uma serra;
dorme por baixo
calado calmamente
o coração em frio,
em um frio latente,
aguardando um talvez...
de despertar ardente.

A Serra Negra tem
metálicas entranhas
que ficam imóveis
em alfola silente,
coberta está de verdes
de verdes cintilantes
a túmida folhagem
que fala  sussurrante.
                                     
No vale está Bezerros,
branquinha, que se estica,
respira pela serra
os ares do planalto,      
enrola-se nubífera
em bacânticos xales
esgazeados no alto.
São xales que flutuam
quando o sol irradiando
calores inclementes,
evapora a umidade
com severidade
quase prepotente.

Lá, pelas alturas
um mágico anfiteatro...
um semicírculo branco,
deslumbrante,
onde máscaras gregas
mostram olhos e bocas
de cor alucinante,
e, é ali
no topo acabrunhante,
onde eu mulher
lacerada estrangeira,
ouço o som das vozes do agreste,
com todo seu mistério
e sua bravura.

Lanço-me sem pensar
num vôo livre
puro, imaginário,carregado de loucura,
  até o azul azul
de ares transparentes.

  Sou um falcão faminto
  que giro no espaço
  devagar, com doçura;
  desço ao solo agrestino
  que com paixão me acolhe
  e molda meu destino:
  -vou sobrevoar,
  sempiternamente,
  esta terra que amo
  sob um sol tão candente.

  Este lugar de luz
  e de brancas moradas
  que dormitam,
  que coroa uma serra,
  negra, enfeitiçada,
  me conta seu segredo
  uma noite de prata
  enluarada:
  -que por trás de uma máscara,
  que sorri, que se agita,
  nesta terra bendita
  encontra-se Bezerros!
  onde lúdico late
  um coração de ferro.


                                                        


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