Dormita o ferro escuro
oculto pelas grutas
selvagens, de uma serra;
dorme por baixo
calado calmamente
o coração em frio,
em um frio latente,
aguardando um talvez...
de despertar ardente.
A Serra Negra tem
metálicas entranhas
que ficam imóveis
em alfola silente,
coberta está de verdes
de verdes cintilantes
a túmida folhagem
que fala sussurrante.
No vale está Bezerros,
branquinha, que se
estica,
respira pela serra
os ares do planalto,
enrola-se nubífera
em bacânticos xales
esgazeados no alto.
São xales que flutuam
quando o sol irradiando
calores inclementes,
evapora a umidade
com severidade
quase prepotente.
Lá, pelas alturas
um mágico anfiteatro...
um semicírculo branco,
deslumbrante,
onde máscaras gregas
mostram olhos e bocas
de cor alucinante,
e, é ali
no topo acabrunhante,
onde eu mulher
lacerada estrangeira,
ouço o som das vozes do
agreste,
com todo seu mistério
e sua bravura.
Lanço-me sem pensar
num vôo livre
puro,
imaginário,carregado de loucura,
até o azul azul
de
ares transparentes.
Sou um falcão faminto
que giro no espaço
devagar, com doçura;
desço ao solo agrestino
que com paixão me acolhe
e molda meu destino:
-vou sobrevoar,
sempiternamente,
esta terra que amo
sob um sol tão candente.
Este
lugar de luz
e
de brancas moradas
que
dormitam,
que
coroa uma serra,
negra,
enfeitiçada,
me
conta seu segredo
uma
noite de prata
enluarada:
-que
por trás de uma máscara,
que
sorri, que se agita,
nesta
terra bendita
encontra-se
Bezerros!
onde
lúdico late
um
coração de ferro.
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