quinta-feira, 11 de abril de 2019

ACOLHEDOR



 Este Brasil de um verde luxuriante
que me acolhe, no qual me enrolo
num casulo de folhas intrigantes,
onde fico dobrada em dois
e com a alma quieta,
este Brasil espera,
que eu, pequena itinerante,
como uma borboleta
abra as asas e voe.

Voe da orquídea ao Flamboyant
da bromélia ao Salgueiro,
do Manacá da Serra tricolor,
ao alto e azul Jacarandá,
do Mulungu precioso
ao Pau Brasil cheiroso!

Assim eu ando como um inseto errante,
ando de olhos abertos
com a emoção em brasa;
tempo atrás deslizei nos pampas selvagens
a lombo de cavalo
queimei-me sem água
no árido sertão,
banhei-me na areia
das dunas de Natal
e me molhei de luz
na tepidez do mar,
noturno, em Salvador.

Vesti de verde meu louco coração
na Amazônia encantada,
ficando em pé num barco
cruzando o Solimões,
onde a grandiosidade da floresta
anula a força da razão.

E me acordei vagando
em misteriosas serras
com seus cactos antigos
e suas lajes de pedra
e sua sensualidade
nas festas de São João.

Meu belo Pernambuco
há de acolher-me
quando me leve à morte,
e eu lhe deixarei
um livro de poemas,
para que saiba de todos meus amores
e também de todas minhas penas.

Dea Coirolo - copyright
Junho/29/2008 - Gravatá

Fotoweb: Manacá da Serra Tricolor



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