As folhas me olham com seus olhos
verdes, alongadas esmeraldas que gotejam
com ritmo, esferas de lágrimas translúcidas.
com ritmo, esferas de lágrimas translúcidas.
Triste, fico ainda mais triste, e a chuva nas árvores faz uma bruma densa e dura
que veste os troncos cinzentos de gazes azuladas que me afetam.
Uma fileira de formigas sobe, lutando contra a correnteza que desce em cascata
duma Sapopemba enegrecida de musgos, que os liquens de tanto em tanto, mancham de
branco. Parecem bocas esbranquiçadas onde os insetos agegam-se para sobreviver.
Este jardim gigante que percorro, tropical e úmido, é um sonho vivo e latejante
que impõe sua grandeza vegetal.
Humana, pequena e triste, olho para este teto de quarenta, cinquenta ou mais
metros de altura e me assombro! Este teto que pela vida cresce e sobe à luz do sol, foge
em direção ao azul. A floresta amazônica invade os espaços livres, pequenas ilhotas de
solo, que também são parte dela. A vegetação selvática imprime um não sei o quê, de
gladiador faminto e me engole.
Estes milhares de tons onde o verde impera, impacta pela variedade, grandeza e
claro escuro. A chuva torrencial é um elemento a mais neste quadro impressionista ao
relento. Do cimo de cada árvore correm rios verticais e paralelos, que desembocam num
imenso igarapé, que pouco a pouco vai se formando a seus pés.
A tormenta tropical é um fenômeno belo e apavorante onde os trovões ressoam
como canhões de guerra; tum, tum, tum, um atrás do outro, interrompendo o silêncio da
mata, como também os gritos e sussurros da fauna. Os relâmpagos jogam dardos de luz,
direto no topo das árvores maiores, e uma energia incendiária desce veloz.
A tristeza dá lugar ao temor da floresta inundada, da que às vezes não se consegue
sair. Volto passo a passo pelo caminho andado buscando refúgio e calor no barco
ancorado na costa do Rio Solimões. Estou molhada e com frio. Cheguei.
Dea Coirolo - Copy Right
Manaus – AM 1995
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