sexta-feira, 10 de junho de 2022

HIBISCO - POEMA DE DEA COIROLO

 

HIBISCO

Têm sóis no jardim úmido.

Pétalas amarelas ovais

que brincando brejeiras com a brisa,

abrem suas corolas sorridentes

deixando entrever  o vermelho da boca.

Da boca luxuriosa

que guarda o gineceu,

e o ardor fecundante das anteras,

milagre das sementes,

cápsula original da espécie.

Belas malváceas

que cruzaram as aguas oceânicas,

e trouxeram com elas

os mistérios da China,

as cores do oriente

a delicadeza das gueixas

e os místicos sabores dos exóticos chás.

Quando o Hibisco flora

tem sóis no meu jardim,

e só de vê-los, eu deliro e danço,

sinto-me num povoado

brasileiro-chinês,

onde o verde selvagem faz a festa

e a cor radiante da flor

alumia minha alma estrangeira,

que deslumbrada

chora com a emoção

da beleza breve no seu âmago.

Porque sabe que apenas

há de ser sempre humana

sensível, idosa, simples e passageira.

Hoje têm sóis amarelos no jardim.

 

Dea Coirolo, Copyright

Gravatá – PE – Brasil   24/10/2019

 

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