sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Crepuscular ( Poema a Ethel Coirolo de Garcia)


"Bandeiras, bandeirinhas,/Bandas e bandeirolas,/Se sacodem ao ar "

Vejo minha mãe na tina
Onde lava sua roupa ,
Pulseiras  de sabão
Cinzeladas  de espuma
Decoram seus  dois braços,
Torres de catedrais,
Em galopantes luzes
De santos espirais.

Bandeiras, bandeirinhas,
Bandas e bandeirolas,
Se sacodem ao ar
E exalam o aroma
De seu jardim em flor.

É minha mãe e seu tempo
Que lhe fazem ao vento
Um úmido regalo
Crepuscular de gotas,
Quando o sol se ajoelha
Para secar a roupa.

Lenços e lencinhos,
Panos e paninhos,  
Desfilam em arrulho
Seu andar de opereta,
Se reviram dançando
Fazendo uma careta.

De frente para o sol
Se desdobram em gestos
Esgares  e   momices,
Se  inclinam saudando
Em reverências loucas.

Seus corpos  lânguidos
Soluçando declinam
Quando o poste lhes toca,
E ao arame abraçados
Beijam-se na boca.

É minha mãe e seu tempo,
Que lhe fazem ao vento
Um úmido regalo
Crepuscular de gotas,
Quando o sol se ajoelha
Para secar a roupa.


A minha mãe, Ethel Coirolo  Martinez  de Garcia.
Tradução para o português  em
Gravatá - PE , outubro de 2010.

Academica Dea Cirse Garcia Coirolo (ALAOMPE)

Um comentário: